sexta-feira, 15 de abril de 2016

Construções sustentáveis: o papel do concreto verde

Construir um futuro sustentável é um desafio e tanto. E nesse sentido, a indústria da construção civil tem se empenhado bastante no desenvolvimento de novos materiais e técnicas construtivas que possam aliar a eficiência com a sustentabilidade, sem deixar de lado os padrões de vida exigidos pela sociedade moderna, como por exemplo, a estética e os confortos térmico e acústico.


Sendo o segundo insumo mais consumido no mundo (atrás apenas da água potável) e o mais consumido na construção civil, o concreto desempenha um grande papel no processo de construção, e frequentemente é retratado como um dos grandes ‘vilões’ da intensificação do efeito estufa, justamente pelo fato de que, o processo de produção do cimento gera grandes emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. 

Uma forma eficiente de amenizar tais efeitos, é tornar o concreto um substrato para a aplicação de coberturas vivas, tais como os telhados verdes e jardins verticais, que possam contribuir para o sequestro de carbono da atmosfera, e ainda, auxiliar no aumento da eficiência térmica de edificações. A aplicação de um telhado verde, por exemplo, pode diminuir a temperatura interna de um edifício em até 30%, reduzindo - e até mesmo extinguindo - o consumo de energia elétrica pelos métodos de refrigeração convencionais, como o ar condicionado, e consequentemente reduzindo as emissões de carbono, sobretudo em países que possuem grande parte da energia elétrica provinda de usinas termelétricas. É nesse contexto em que se situa o concreto verde, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), na Espanha. 
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Basicamente, o concreto verde é um material de construção biorreceptivo, que propicia as condições necessárias para o desenvolvimento de organismos vivos em seu interior, como musgos, líquens e microalgas, que com o tempo afloram na superfície dos painéis de concreto, transformado a estrutura em um extenso jardim vertical. De acordo como professor Ignácio Pérez, que lidera a pesquisa do Grupo de Tecnologia Estrutural da UPC, a ideia principal do projeto é “aproveitar e integrar a função desses seres vivos como filtros naturais de CO2 e controladores térmicos nas construções urbanas”.
Os painéis de concreto verde possuem em sua composição dois componentes essenciais. O primeiro deles é o cimento Portland, de pH mais alcalino (em torno de 8), obtido a partir de um processo de carbonatação por injeção de dióxido de carbono. O segundo é um cimento a base de fosfato de magnésio, de pH ligeiramente ácido, conhecido como MPC, e que é largamente utilizado em reparos estruturais que exigem secagem rápida. Além disso, a dosagem dos materiais é realizada com o objetivo de se obter um concreto com porosidade e rugosidade específicas, propiciando um ambiente adequado à colonização de organismos biológicos. Pérez, explica que, os painéis “possuem três camadas específicas para suportar o sistema vegetativo. A primeira é impermeável para impedir a entrada de umidade no material estrutural. A segunda capta água para criar um ambiente apropriado para a colonização das plantas e fungos, enquanto a terceira faz a impermeabilização inversa, ou seja, evita que a água escape para nutrir esse pequeno habitat dentro do material”. As placas geralmente são aplicadas sobre o concreto estrutural.
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Os painéis de concreto biológico oferecem múltiplas vantagens, como a absorção de CO2 da atmosfera e o controle térmico no interior das edificações (a cobertura biológica absorve grande parte da radiação solar), diminuindo também gastos com energia elétrica e contribuindo para a regulagem do microclima. Do ponto de vista arquitetônico, a estética da edificação é amplamente favorecida, pois é permitido a criação de fachadas personalizadas de diferentes tons e padrões, já que, dependendo da época do ano e do clima local, há a proliferação de diferentes colônias biológicas na composição dos painéis. Ainda, os painéis podem ser aplicados em edificações novas e velhas, o que exemplifica a extrema flexibilidade do concreto verde.
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Os pesquisadores ainda estudam formas de acelerar ainda mais o processo de colonização dos organismos biológicos, bem como avaliar o crescimento dos mesmos em diferentes condições ambientais. Certamente, os estudos visam contribuir para suprir a crescente demanda na busca por cidades ecologicamente sustentáveis, bem como da qualidade de vida da população mundial, ante os efeitos da poluição e das mudanças climáticas.

Fontes e links úteis:

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